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Channel: Comentários sobre: Comunismo e cristianismo segundo Karl Kautsky
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Por: Ivani Medina

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xaropada marxista fazendo do inexistente Jesus garoto propaganda dessa ideologia.

Contam-se muitas histórias para não contar a verdade. Existem
outras versões desinformadas de que Jesus foi uma criação romana para dominar o
mundo, quando Roma já dominava a tudo e a todos. Jesus continua sendo um ótimo
vendedor de livros pela curiosidade que ainda desperta. Quero falar um pouco de
uma história que não interessa a religioso algum e não precisa da bíblia para
nada. O foco dessa narrativa envolve judeus, romanos e cristãos. Os dois
primeiros são bem definidos nas suas origens, mas quem seriam os cristãos na
realidade? Ex-judeus?

No final do século I a classe média romana de origem latina
praticamente havia desaparecido. Outra classe média de origem grega havia
substituído aquela. Isto ocorreu em função da enorme quantidade de escravos
gregos e cultos traficados da Ásia Menor para a Itália. Esses escravos davam de
dez a zero em seus ricos senhores romanos. Havia milênios que esses gregos
orientais acumulavam conhecimentos gerais e específicos de todos os povos. O
encantamento gradual e natural dos romanos, pelo bom resultado das suas
aplicações, foi facilitando conquistas que escravo algum havia obtido de Roma.
Otavio Augusto, um helenista de peso, cuidou bem de um melhor destino para essa
gente. Foram esses hábeis sintetizadores e desenvolvedores de culturas que
fizeram do príncipe do Senado Romano um deus a ser venerado por todo o mundo
helênico. Uma providência muito curiosa, pois a tradição helenística
transformava seus monarcas em deuses somente depois de mortos. Essa atitude
surpreendente para aquele contexto era comum somente no Egito, que apresenta
uma ligação estreita com o cristianismo.

O esplendor de Roma chegou com o trabalho e o talento desses
escravos especiais, que chegaram a partir do final do último século antes da
era comum. Foi justamente essa descendência bilíngue que os primeiros propagandistas
cristãos, gregos vindos em maioria da Ásia Menor, encontraram em Roma e lá
fundaram as primeiras escolas cristãs para a formação dos homens da Igreja, no
século II. O que os nossos historiadores
cristãos não chamam atenção, para não despertar a curiosidade de ninguém, é que
havia uma antiga rixa entre judeus e determinado setor das classes médias
gregas, especialmente na Ásia Menor e no Egito. O domínio romano acentuou
bastante essa disputa devido às medidas protecionistas concedidas ao judaísmo
pelo Senado Romano, na época de Júlio César. Alexandria, no Egito, era a cidade
mais importante depois de Roma. Quando os romanos mudaram o antigo status da
cobrança de impostos os judeus quiseram se equiparar aos gregos, pagando menos
do que os egípcios. Os confrontos sangrentos começaram a pipocar daqui e dali.

Paralelamente a isso, havia muita conversão de gregos, romanos e
outros ao judaísmo nos primeiros séculos. Josefo comenta que dois espertos
judeus tiravam dinheiro de uma senhora da alta sociedade romana, a título de
graças a receber do deus dos judeus, e seu marido os denunciou a Tibério.
Escritores romanos como Juvenal e outros criticavam essas conversões como
absurdas chamavam atenção para o perigo que representava o dominado se impor daquela
maneira ao seu dominador. Tanto famílias humildes quanto famílias importantes
das sociedades romanas estavam sendo absorvidas por aquele fenômeno. Esta situação
foi num crescente tal, até que no século II, provavelmente pressionado pela sua
corte, o imperador Adriano proibiu a circuncisão em todo império. Esta prática era
o último passo no processo de conversão e a proibição severa, incluindo os
judeus, provocou a terceira guerra judaica. A pena para quem desrespeitasse a
ordem era a execução. Até aí não se tem notícias do alegado cristianismo de
Jesus Cristo. Tais notícias vão surgir durante o reinado do sucessor de
Adriano, Antonino Pio, em meados do século II. O temor da pena de morte mantida
por Antonino, já excetuando os judeus, há de ter deixado uma imensidão de
incircuncisos que jamais seriam aceitos como membros da nação judaica.

Eis que nesse momento difícil para tantos incircuncisos, surge
uma saída brilhante para enfrentar o judaísmo, encabeçada por gregos e
descendentes greco-romanos: um judaísmo fajuto que dispensava a circuncisão e
se voltava violentamente contra o judaísmo original. O pretexto era a
“história” de que deus, magoado com o fato de os judeus terem
sacrificado seu filho unigênito enviado para salvar a humanidade, rompeu com o
judaísmo e passou a honrosa missão da salvação para os cristãos. História boba
para boi dormir que recebeu o nome de “Teologia da Substituição”. Ridícula
demais, mas colou. Daí nós podemos compreender com facilidade alguns fatos,
como por exemplo: a) nunca ter-se encontrado ligação histórica alguma entre o
judaísmo e o cristianismo (senão as que os teólogos cristãos inventam), pois necessariamente
deveriam ser conhecidos e reconhecidos pelos judeus nomes de judeu-cristãos dessa
transição; b) fica explicada a perseguição dos pais da Igreja aos judeus; essa
perseguição herdada dos gregos manteve o judaísmo sob controle e possibilitou a
expansão do cristianismo. A hostilidade para com os judeus era simpática aos
insatisfeitos das altas classes greco-romanas; c) nenhum documento cristão do
século I foi encontrado até hoje, portanto, evangelho algum foi escrito no ano
70 ou em qualquer outro ano daquele século. Foram os pais da Igreja que dataram
os evangelhos para cravar essa história falsa no século I. Como havia muitas
seitas no judaísmo naquele século, mais uma criada antes da guerra de 66/70 que
destruiu quase tudo em Jerusalém, ninguém ia desconfiar. Os incircuncisos
precisavam ser enganados, pois os gregos não tinham como enfrentar aquela
situação de outro modo; d) a relação entre o cristianismo e o Estado foi
decisiva na sua vitória, conseguindo neutralizar a força dos privilégios conquistados
pelo judaísmo no tempo de Júlio César e ao arrematar o rebanho perdido.

Depois de que perceberam o poder do cristianismo se consolidando
ao longo do tempo, e a realidade de estarem hospedados em sociedades cristãs,
os judeus preferiram “esquecer” esses fatos por pura conveniência e sabedoria:
iam cutucar a onça com vara curta e se desfavoreceriam em sua autoridade
religiosa. A história secular na qual o proselitismo judaico havia sido o mais
poderoso adversário da cultura greco-romana seria de pouca serventia no álbum
das glórias passadas. Aliás, era até perigosa. A narrativa do Antigo Testamento,
na bíblia cristã, continuava muito importante para todos e o mito da origem
hebraica era fundamental ao judaísmo. Muito mais interessante do que aquela
realidade histórica de povo constituído de convertidos de toda parte, sem o pedigree
divino. Tal decisão veio favorecer a reinvindicação sionista pelas terras
palestinas, das quais têm direito algum. Portanto, não interessando aos
cristãos nem tampouco os judeus, a história desse antídoto (cristianismo)
surgido para conter o crescimento explosivo do judaísmo no mundo antigo, pelo
viés da genialidade grega apoiada por alguns latinos, acabou “esquecida”.
Existem outras versões, mas não pude deixar de contar a minha. A mais simples
penso eu.


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